Publicado no "Jornal da Região", edição de 01 de Agosto de 2012.
NA MORAL
Roberto Vassallo
Eis
a regra de ouro do marketing pessoal:
Você pode ser popular sem se tornar vulgar; são duas coisas totalmente
distintas. Tudo porque se você se vulgarizar, fatalmente ficará exposto ao
ridículo. E a banalização é a pior forma de vulgarização das coisas. A
banalização da VIDA, por exemplo, chegou a um ponto crítico tal, que a
violência acha-se fora de controle.
Ora,
como a VIDA é o bem mais precioso de que dispomos, até porque sem VIDA não há
esperança, e muito menos oportunidades, do ponto de vista ontológico, banalizar
a VIDA ao invés de respeitá-la, é imoral.
Da
mesma forma, agredir a saúde com o vício das drogas, do álcool, do cigarro, da
prostituição - isto mesmo - (se a prostituição fosse um bem, a mulher não teria
nascido virgem), entre outras coisas, só para mostrar que se está afinado com a
moda, ou imitando os outros, é burra estupidez elevada ao cubo, além de revelar
crise de identidade. É preciso muita elevação de caráter, mas sobretudo amor a Deus e respeito a si mesmo, para conseguir sobreviver nesta civilização suicida.
Por
outro lado, nos meios da comunicação fala-se muito em formadores de opinião, como se os personagens de grande exposição na
mídia fossem os donos absolutos da verdade e estivessem acima do bem e do mal.
De fato, seja pela reconhecida credibilidade corporativa ou prestígio que alguém desfrute, no entanto, ninguém é intocável.
De fato, seja pela reconhecida credibilidade corporativa ou prestígio que alguém desfrute, no entanto, ninguém é intocável.
Infelizmente,
com tantas figuras populares e até famosas despejando asneiras e mais asneiras nos
ouvidos do grande público; enfim, pessoas com pouca ou nenhuma qualificação
moral, intelectual e cultural – salvo notáveis exceções – elas não são paradigmas
de coisa nenhuma!
Contudo, para quem tem a cabeça feita, os
tão badalados formadores de opinião simplesmente não existem. Continuam e
continuarão falando sozinhos para uma plateia de surdos.
Na suposição de que eles realmente
acontecem, então, qual a diferença entre formadores de opinião e opinião
pública? A resposta é: nenhuma, já que ambas só existem conceitualmente. Entre
a teoria inconsistente e a prática persistente, o mais sábio é adotar esta
última.
A falsa e a verdadeira
moral
Outro
equívoco clássico é a falácia do falso
moralismo. Falsa moral nada mais é do que a moral mal entendida ou
entendida às avessas, e por ser mal interpretada vem sendo mal aplicada,
justamente porque tem sido deturpada em seus fundamentos.
Certamente, quando alguém fala em falsa moral está
admitindo a existência da verdadeira moral, pois tudo tem a sua contraparte. Se
assim não fosse, a imprensa, em sua obsessão pela imparcialidade, agiria
unilateralmente, ou seja, sem ouvir o lado oposto de uma questão.
A
pergunta que não quer calar é: Como a mídia, sutil e habilidosamente
manipulada, pode ter moral para falar em imparcialidade?
Todavia,
falar em moral no rádio e na televisão é assaz embaraçoso, não interessa porque
não dá audiência.
A verdade nua e crua é:
vivemos numa sociedade confessadamente amoral,
isto é, divorciada dos valores sadios da tradição, a base pedagógica da autêntica
moral. Mesmo porque aquilo que resistiu ao tempo, efetivamente tem algum valor!
Daí tanta imoralidade: na política, no caráter, nos costumes (neste caso a
moral se confunde com a ética) etc.
Por
outro ângulo, a questão dos novos valores
é igualmente inconsistente. O que há são valores esquecidos ou valores
desprezados, não há meio termo. E se as pessoas, hoje, preferem descartar-se
dessa herança atávica (proveniente de antepassados remotos) na ilusória
impressão de que isto lhes traz uma sensação agradável de ampla liberdade, estão
enganadas. Apenas lhes confere um grau maior de irresponsabilidade diante da
sociedade permissiva em que se vive.
Para
dizer que sem valores não há respeito; e se respeito aos valores não há, é
porque foram completamente ignorados.
Moral
social, portanto, é aquela fincada no respeito aos valores. De sorte que, a
sociedade que não tem consideração pelos valores é imoral.
Bem,
como tudo caminha para o aperfeiçoamento (agora os exigentes e perfeccionistas
acham-se cobertos de razão), esta é uma busca digna, uma vez que faz parte do
progresso natural das coisas. A evolução da consciência acha-se integrada nesse
contexto.
Com
efeito, se a evolução não fosse o propósito maior da existência, não estaríamos
aqui. Evolução no sentido de nos sentirmos melhores a cada dia; seja depois de
um sofrimento (que só será útil à personalidade se for passageiro); seja pelos
erros e acertos da vida, ou dos altos e baixos enfrentados anualmente por cada
um, toda experiência é válida.
Diz
a sábia sabedoria: um pontapé do diabo joga o sujeito no céu!
Com certeza, se o objetivo supremo da presença humana na Terra é a evolução
espiritual, e a felicidade, a prosperidade, a riqueza, o bem-estar, o prazer e
a qualidade de vida são meios legítimos de se alcançá-la; e se o auge dessa
evolução é a nossa prazerosa aproximação e amorosa comunhão com Deus, então
comodisticamente ninguém tem o direito de usar a ignorância como desculpa por e
para não se familiarizar com as leis divinas! Nesse aspecto, somos todos
responsáveis.
Donde se
infere que o imoral está ligado ao pecado,
cá entendido como transgressão consciente ou inconsciente, voluntária ou
involuntária das leis divinas. Por leis divinas entende-se como sendo tudo
aquilo que é simples e natural. Por ser natural acha-se expresso na natureza:
humana e ecológica, ambas matematicamente equilibradas por uma interação
harmônica. Quando essa interação é quebrada e a harmonia rompida, surge o pecado,
na ótica do discernimento humano.
Por esse motivo que a
ignorância é o verdadeiro pecado original.
A
responsabilidade de cada um
Entretanto,
quanto mais iluminada uma pessoa maiores são suas responsabilidades, esteja ela
na mídia ou não.
Já
o moral acha-se relacionado à redenção das criaturas diante do seu Criador.
Isto absolutamente nada tem a ver com religião. A questão é filosófica. Pois
quando relacionamos moral à religião com seus dogmas rígidos e nem sempre
verdadeiros, automaticamente forçamos uma situação. Em decorrência, há tendência
à hipocrisia. Logo, estão criadas as condições propícias de incorrermos no falso moralismo.
Para
terminar, esta não é uma proposição conservadora, muito menos inovadora ou
reformadora. Ela deve ser vista como uma iniciativa restauradora.
Assim
sendo, restaurar os valores na sociedade, os quais vêm sendo negligenciados ou
invertidos e perdendo gradualmente sua memória cultural, já é um bom começo
para pôr ordem nessa barafunda em que vivemos todos, falsamente rotulada de transição.
polibusiness@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário