terça-feira, 7 de agosto de 2012

Na Moral


Publicado no "Jornal da Região", edição de 01 de Agosto de 2012.


NA MORAL



Roberto Vassallo

Eis a regra de ouro do marketing pessoal: Você pode ser popular sem se tornar vulgar; são duas coisas totalmente distintas. Tudo porque se você se vulgarizar, fatalmente ficará exposto ao ridículo. E a banalização é a pior forma de vulgarização das coisas. A banalização da VIDA, por exemplo, chegou a um ponto crítico tal, que a violência acha-se fora de controle.
Ora, como a VIDA é o bem mais precioso de que dispomos, até porque sem VIDA não há esperança, e muito menos oportunidades, do ponto de vista ontológico, banalizar a VIDA ao invés de respeitá-la, é imoral.
Da mesma forma, agredir a saúde com o vício das drogas, do álcool, do cigarro, da prostituição - isto mesmo - (se a prostituição fosse um bem, a mulher não teria nascido virgem), entre outras coisas, só para mostrar que se está afinado com a moda, ou imitando os outros, é burra estupidez elevada ao cubo, além de revelar crise de identidade. É preciso muita elevação de caráter, mas sobretudo amor a Deus e respeito a si mesmo, para conseguir sobreviver nesta civilização suicida.                 
Por outro lado, nos meios da comunicação fala-se muito em formadores de opinião, como se os personagens de grande exposição na mídia fossem os donos absolutos da verdade e estivessem acima do bem e do mal.
De fato, seja pela reconhecida credibilidade corporativa ou prestígio que alguém desfrute, no entanto, ninguém é intocável.
Infelizmente, com tantas figuras populares e até famosas despejando asneiras e mais asneiras nos ouvidos do grande público; enfim, pessoas com pouca ou nenhuma qualificação moral, intelectual e cultural – salvo notáveis exceções – elas não são paradigmas de coisa nenhuma!
Contudo, para quem tem a cabeça feita, os tão badalados formadores de opinião simplesmente não existem. Continuam e continuarão falando sozinhos para uma plateia de surdos.
Na suposição de que eles realmente acontecem, então, qual a diferença entre formadores de opinião e opinião pública? A resposta é: nenhuma, já que ambas só existem conceitualmente. Entre a teoria inconsistente e a prática persistente, o mais sábio é adotar esta última.

A falsa e a verdadeira moral

Outro equívoco clássico é a falácia do falso moralismo. Falsa moral nada mais é do que a moral mal entendida ou entendida às avessas, e por ser mal interpretada vem sendo mal aplicada, justamente porque tem sido deturpada em seus fundamentos.
Certamente, quando alguém fala em falsa moral está admitindo a existência da verdadeira moral, pois tudo tem a sua contraparte. Se assim não fosse, a imprensa, em sua obsessão pela imparcialidade, agiria unilateralmente, ou seja, sem ouvir o lado oposto de uma questão.                                                                                 
A pergunta que não quer calar é: Como a mídia, sutil e habilidosamente manipulada, pode ter moral para falar em imparcialidade?                                                                             
Todavia, falar em moral no rádio e na televisão é assaz embaraçoso, não interessa porque não dá audiência.
A verdade nua e crua é: vivemos numa sociedade confessadamente amoral, isto é, divorciada dos valores sadios da tradição, a base pedagógica da autêntica moral. Mesmo porque aquilo que resistiu ao tempo, efetivamente tem algum valor! Daí tanta imoralidade: na política, no caráter, nos costumes (neste caso a moral se confunde com a ética) etc.
Por outro ângulo, a questão dos novos valores é igualmente inconsistente. O que há são valores esquecidos ou valores desprezados, não há meio termo. E se as pessoas, hoje, preferem descartar-se dessa herança atávica (proveniente de antepassados remotos) na ilusória impressão de que isto lhes traz uma sensação agradável de ampla liberdade, estão enganadas. Apenas lhes confere um grau maior de irresponsabilidade diante da sociedade permissiva em que se vive.
Para dizer que sem valores não há respeito; e se respeito aos valores não há, é porque foram completamente ignorados.
Moral social, portanto, é aquela fincada no respeito aos valores. De sorte que, a sociedade que não tem consideração pelos valores é imoral.

No rumo certo

Bem, como tudo caminha para o aperfeiçoamento (agora os exigentes e perfeccionistas acham-se cobertos de razão), esta é uma busca digna, uma vez que faz parte do progresso natural das coisas. A evolução da consciência acha-se integrada nesse contexto.
Com efeito, se a evolução não fosse o propósito maior da existência, não estaríamos aqui. Evolução no sentido de nos sentirmos melhores a cada dia; seja depois de um sofrimento (que só será útil à personalidade se for passageiro); seja pelos erros e acertos da vida, ou dos altos e baixos enfrentados anualmente por cada um, toda experiência é válida.
Diz a sábia sabedoria: um pontapé do diabo joga o sujeito no céu!
Com certeza, se o objetivo supremo da presença humana na Terra é a evolução espiritual, e a felicidade, a prosperidade, a riqueza, o bem-estar, o prazer e a qualidade de vida são meios legítimos de se alcançá-la; e se o auge dessa evolução é a nossa prazerosa aproximação e amorosa comunhão com Deus, então comodisticamente ninguém tem o direito de usar a ignorância como desculpa por e para não se familiarizar com as leis divinas! Nesse aspecto, somos todos responsáveis.
Donde se infere que o imoral está ligado ao pecado, cá entendido como transgressão consciente ou inconsciente, voluntária ou involuntária das leis divinas. Por leis divinas entende-se como sendo tudo aquilo que é simples e natural. Por ser natural acha-se expresso na natureza: humana e ecológica, ambas matematicamente equilibradas por uma interação harmônica. Quando essa interação é quebrada e a harmonia rompida, surge o pecado, na ótica do discernimento humano.
Por esse motivo que a ignorância é o verdadeiro pecado original.

A responsabilidade de cada um

Entretanto, quanto mais iluminada uma pessoa maiores são suas responsabilidades, esteja ela na mídia ou não.
Já o moral acha-se relacionado à redenção das criaturas diante do seu Criador. Isto absolutamente nada tem a ver com religião. A questão é filosófica. Pois quando relacionamos moral à religião com seus dogmas rígidos e nem sempre verdadeiros, automaticamente forçamos uma situação. Em decorrência, há tendência à hipocrisia. Logo, estão criadas as condições propícias de incorrermos no falso moralismo.
Para terminar, esta não é uma proposição conservadora, muito menos inovadora ou reformadora. Ela deve ser vista como uma iniciativa restauradora.
Assim sendo, restaurar os valores na sociedade, os quais vêm sendo negligenciados ou invertidos e perdendo gradualmente sua memória cultural, já é um bom começo para pôr ordem nessa barafunda em que vivemos todos, falsamente rotulada de transição.


polibusiness@hotmail.com

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