POR QUE ESTOU DEIXANDO O FACEBOOK
O Facebook pretende, a partir de maio ou junho deste ano, com a abertura de capital (IPO em inglês), bater a casa dos 75 bilhões de dólares.
Ao
contrário do que muitos pensam, e para refrescar a memória dos cerca de
850 milhões de usuários da rede, nos cinco continentes, conforme
amplamente divulgado pela mídia, Mark Zuckerberg não está sozinho nesta
façanha. Na verdade, o sucesso do Facebook deve-se, em igualdade de
condições, à genialidade do brasileiro Eduardo Saverin, atualmente
detentor de modestos 2% dos lucros do portal criado por ambos em 2004.
Vale
lembrar que uma fatia maior e justa de 14% – já que Zuckerberg detém
28,2% da empresa – poderia estar circulando em terras brasileiras,
gerando milhares de empregos e promovendo o progresso, não só em
tecnologia, como em múltiplos setores da nossa economia.
Foi o
paulista Eduardo Saverin, ainda como estudante em Harvard e colega de
quarto de Mark Zuckerberg, que correu atrás dos primeiros mil dólares de
patrocínio, a fim de tirarem, juntos, a ideia da cabeça .
Entretanto,
logo assim que o site começou a crescer geometricamente e apresentar
lucros recordes, entrou em cena a ganância de Zuckerberg, que logo, logo
tratou de arranjar um jeito de tirar Saverin do caminho, a fim de
desfrutar sozinho de um projeto criativo que não foi unicamente seu;
tudo às custas de uma demanda judicial.
Moral da história: de amigos inseparáveis passaram a rivais distanciados.
Seja
como for, que ninguém se iluda: no teatro mundial, o americano, célebre
como o maior criador e exportador de heróis, quer ser protagonista em
tudo. Para ele, tanto o brasileiro como o resto do planeta são
coadjuvantes, isto é, colocados em segundo plano.
Não é segredo
para ninguém que os interesses dos americanos estão sempre acima das
amizades, por mais "sinceras" que forem. Contudo, eles são os donos do
dinheiro, mas não os donos da verdade.
Ora, como absolutamente
não concordo com a atitude do senhor Mark Zuckerberg, em sinal de
protesto, eu me retiro solenemente do Facebook. É menos um na rede para
engordar a conta bancária do dono do Facebook. E o meu direito de
protestar é legítimo, uma forma saudável de alguém expressar sua livre
opinião.
Incontestavelmente, como o nosso conterrâneo foi
apunhalado, injustiçado e até ignorado pela legião de memórias curtas,
menos por mim – que ainda guardo na lembrança o vexatório episódio – em
sinal de solidariedade a ele, que apenas admiro sem conhecer, encerro
minha conta no Facebook que até agora só me serviu de veículo para jogar
conversa fora. E tempo é dinheiro.
Pelo exposto, o assinante
que ainda tiver um pouco de brio, que honra sua bandeira, que sinta
orgulho de ser brasileiro, que tenha o mínimo de dignidade e bastante
vergonha na cara, faça o mesmo, imitando meu gesto!
Aí então, é
possível que o todo-poderoso Mark Zuckerberg, ao ver seu império
ameaçado, reflita bastante e aprenda a valorizar mais a lealdade, não
colocando a traição na frente da retidão. Por conseguinte, entenda que é
preciso dividir, se quiser somar.
Com efeito, a deslealdade nos
ensina uma grande lição: ela fragiliza mais os grandes. A razão é
simples: em todos os casos, a consciência é o nosso próprio juiz; com
maior ou menor rigor e, a curto, médio ou longo prazo, tanto pune, como
absolve nossos atos. No entanto – tal como a lei transcendental – ela
também premia, toda vez que um bem é praticado. Portanto, quanto maior o
gigante, ao falsear o pé, maior será o tombo.
Participar deste site, no início me pareceu uma forma imediata de agregar status, um modo gratuito de adular o ego
exaltando
a vaidade. Com o passar do tempo, porém, percebi que não era nada
disso. Muito pelo contrário, cada entrada no Facebook representava um
período de pura conversa fiada, um blá-blá-blá estéril, uma cascata de
idiotices fabricada em cima de pseudo amigos, a qual resolvi chamar de
“troço bobo” sem, no entanto, me beneficiar em nada, apenas uma inútil
perda de tempo. Traduzindo: um meio chato, frio, mecânico e monótono de
me relacionar com gente que não conheço e que, dessa forma me
impossibilita trocar calor humano. Pensando bem, trata-se de uma
atividade para desocupados, em sua grande maioria, e que com certeza não
enriqueceu nem um pouco meu universo social.
É exatamente por
conta dessa futilidade toda, enfim, por causa de idiotas como eu e você,
que o espertalhão Mark Zuckeberg continua faturando bilhões de dólares,
absolutamente de graça. A partir de hoje – felizmente – não mais às
minhas custas. Sabem por quê? Porque acordei a tempo.
Roberto Vassallo
Jornalista
Niterói – Baía da Guanabara
Rio de Janeiro - Brasil