sexta-feira, 27 de abril de 2012

POR QUE ESTOU DEIXANDO O FACEBOOK




POR QUE ESTOU DEIXANDO O FACEBOOK



O Facebook pretende, a partir de maio ou junho deste ano, com a abertura de capital (IPO em inglês), bater a casa dos 75 bilhões de dólares.
Ao contrário do que muitos pensam, e para refrescar a memória dos cerca de 850 milhões de usuários da rede, nos cinco continentes, conforme amplamente divulgado pela mídia, Mark Zuckerberg não está sozinho nesta façanha. Na verdade, o sucesso do Facebook deve-se, em igualdade de condições, à genialidade do brasileiro Eduardo Saverin, atualmente detentor de modestos 2% dos lucros do portal criado por ambos em 2004.
Vale lembrar que uma fatia maior e justa de 14% – já que Zuckerberg detém 28,2% da empresa – poderia estar circulando em terras brasileiras, gerando milhares de empregos e promovendo o progresso, não só em tecnologia, como em múltiplos setores da nossa economia.
Foi o paulista Eduardo Saverin, ainda como estudante em Harvard e colega de quarto de Mark Zuckerberg, que correu atrás dos primeiros mil dólares de patrocínio, a fim de tirarem, juntos, a ideia da cabeça .
Entretanto, logo assim que o site começou a crescer geometricamente e apresentar lucros recordes, entrou em cena a ganância de Zuckerberg, que logo, logo tratou de arranjar um jeito de tirar Saverin do caminho, a fim de desfrutar sozinho de um projeto criativo que não foi unicamente seu; tudo às custas de uma demanda judicial.
Moral da história: de amigos inseparáveis passaram a rivais distanciados.
Seja como for, que ninguém se iluda: no teatro mundial, o americano, célebre como o maior criador e exportador de heróis, quer ser protagonista em tudo. Para ele, tanto o brasileiro como o resto do planeta são coadjuvantes, isto é, colocados em segundo plano.
Não é segredo para ninguém que os interesses dos americanos estão sempre acima das amizades, por mais "sinceras" que forem. Contudo, eles são os donos do dinheiro, mas não os donos da verdade.
Ora, como absolutamente não concordo com a atitude do senhor Mark Zuckerberg, em sinal de protesto, eu me retiro solenemente do Facebook. É menos um na rede para engordar a conta bancária do dono do Facebook. E o meu direito de protestar é legítimo, uma forma saudável de alguém expressar sua livre opinião.
Incontestavelmente, como o nosso conterrâneo foi apunhalado, injustiçado e até ignorado pela legião de memórias curtas, menos por mim – que ainda guardo na lembrança o vexatório episódio – em sinal de solidariedade a ele, que apenas admiro sem conhecer, encerro minha conta no Facebook que até agora só me serviu de veículo para jogar conversa fora. E tempo é dinheiro.
Pelo exposto, o assinante que ainda tiver um pouco de brio, que honra sua bandeira, que sinta orgulho de ser brasileiro, que tenha o mínimo de dignidade e bastante vergonha na cara, faça o mesmo, imitando meu gesto!
Aí então, é possível que o todo-poderoso Mark Zuckerberg, ao ver seu império ameaçado, reflita bastante e aprenda a valorizar mais a lealdade, não colocando a traição na frente da retidão. Por conseguinte, entenda que é preciso dividir, se quiser somar.
Com efeito, a deslealdade nos ensina uma grande lição: ela fragiliza mais os grandes. A razão é simples: em todos os casos, a consciência é o nosso próprio juiz; com maior ou menor rigor e, a curto, médio ou longo prazo, tanto pune, como absolve nossos atos. No entanto – tal como a lei transcendental – ela também premia, toda vez que um bem é praticado. Portanto, quanto maior o gigante, ao falsear o pé, maior será o tombo.
Participar deste site, no início me pareceu uma forma imediata de agregar status, um modo gratuito de adular o ego
exaltando a vaidade. Com o passar do tempo, porém, percebi que não era nada disso. Muito pelo contrário, cada entrada no Facebook representava um período de pura conversa fiada, um blá-blá-blá estéril, uma cascata de idiotices fabricada em cima de pseudo amigos, a qual resolvi chamar de “troço bobo” sem, no entanto, me beneficiar em nada, apenas uma inútil perda de tempo. Traduzindo: um meio chato, frio, mecânico e monótono de me relacionar com gente que não conheço e que, dessa forma me impossibilita trocar calor humano. Pensando bem, trata-se de uma atividade para desocupados, em sua grande maioria, e que com certeza não enriqueceu nem um pouco meu universo social.
É exatamente por conta dessa futilidade toda, enfim, por causa de idiotas como eu e você, que o espertalhão Mark Zuckeberg continua faturando bilhões de dólares, absolutamente de graça. A partir de hoje – felizmente – não mais às minhas custas. Sabem por quê? Porque acordei a tempo.
Roberto Vassallo
Jornalista
Niterói – Baía da Guanabara
Rio de Janeiro - Brasil

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